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Obanise kaô!
Songô é vida, é fogo, a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Espiritos que lutam contra a humanidade - Ajogun
Ajogun
Espiritos que lutam contra a
humanidade
À primeira vista, muitos
se apavoram em saber da existência de espíritos malignos
que podem nos prejudicar. É fato que eles atrapalham a vida
das pessoas, mas na concepção Yorùbá,
esses espíritos fazem com que exista o equilíbrio
natural, a simetria entre mundos e poderes. Isso é
evidenciado, por exemplo, no jogo do Obì, no qual existe uma
caída que reflete a harmonia perfeita, na qual duas faces
internas do Obì caem voltadas para baixo e duas para cima,
sendo que os sexos dos gomos do Obì caem divididos para baixo
e para cima harmoniosamente. Na cultura dos Òrìsàs
essa caída representa a simetria perfeita, pois o negativo e
positivo estão em consonância, bem como o feminino e
masculino. Dessa forma, embora malignos e terríveis, a
existência dos Ajogun motiva as energias positivas a circularem
no mundo. Essas energias positivas são estimuladas por meio
dos sacrifícios (Ebó) que são prescritos por
Sacerdotes, que o revelam por meio do oráculo. Os Ajogun são
forças muito negativas, que tem como objetivo causar doenças,
acidentes, brigas, discórdias. Por isso, quando há
sacrifícios, é comum cantarmos pedindo para que a água
(elemento mais puro e benéfico que existe) cubra e mate as
discórdias (bomi pa ejo), cubra e mate as doenças (bomi
pa arun), cubra e mate as maldições (bomi pa epe), etc.
Em verdade, estamos pedindo para que a água cubra e mate os
poderes malignos do mundo, os Ajogun. Diferente das Divindades que
moram nos espaços do Orùn, regressando ao aye por meio
da manifestação, os Ajogun moram no Aye e não no
orùn. Isso acontece, pois os Ajogun não conseguiram
causar males no mundo dos Deuses. Ou seja, os Ajogun moram no aye,
pois aqui, diferente do orùn, eles conseguem espalhar os males
de forma indiscriminada.Os Ajogun estão sempre à
espreita, esperando um momento adequado para atuar. Por isso, é
muito importante que as pessoas sempre se cuidem, por meio de
oferendas, banhos e o que mais for necessário, conforme
prescrição do Sacerdote. Quando algo de ruim surge no
mundo, por exemplo, uma nova doença, isso certamente foi
motivado por Ajogun, entretanto, quando uma grande descoberta em
benefício à sociedade surge, foi motivada pelas forças
positivas que sempre prevaleceram, como os Òrìsàs.
Por diversas vezes, já discorremos sobre a importância
da realização dos sacríficios prescritos, sobre
a importância de não quebrar tabus (Ewó), uma das
razões para termos falado bastante sobre esses temas, foi
justamente para se entender que essas ações atacam os
poderes dos Ajogun. Quando, por exemplo, uma pessoa quebra um Ewó,
ela está ajudando e dando forças ao Ajogun. O mesmo
ocorre quando o sacerdote prescreve um sacrifício que é
negligenciado, a pessoa está dando forças ao Ajogun.
Nós do Terreiro de Òsùmàrè,
esperamos uma vez mais, ter contribuido para o esclarecimento dos
temas relacionados a nossa crença.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Reencarnação existe ou não?
Reencarnação existe ou não?
"Se acharmos que uma grande desgraça nos espera, certamente veremos o que vier a ocorrer como uma desgraça. Se estivermos aguardando por um momento de iluminação, de expansão da consciência, provavelmente é isso que provaremos. Se acharmos que tudo é história da carochinha e que nada mudará, provavelmente nossos olhos não conseguirão enxergar nenhuma mudança verdadeira. Em qualquer circunstância, pode-se dizer que o nosso padrão de pensamento cria a nossa realidade. Tudo o que vivenciamos é interpretado e decodificado a partir das crenças e ideias que alimentamos a respeito. Por exemplo, diante da mesma afirmação da Bíblia, em questões extremamente controvertidas em que católicos, protestantes e espíritas pensam de forma diametralmente oposta, todos eles defendem, com total honestidade, a ideia de que no que está dito em determinada passagem (a mesma para todos) está precisamente a prova de que eles estão certos e os outros errados. E cada um deles acredita piamente nisso. Assim, é possível que talvez não exista "realidade" e "verdade" como algo absoluto. No nosso mundo físico, material, toda e qualquer realidade é relativa, e não há como dissociá-la do referencial a partir do qual ela é vista. Hoje sabemos que a matéria como algo sólido não existe, no entanto ela é absolutamente real aos nosso sentidos. A nossa verdade, por exemplo, é que para nós o mundo é colorido, a verdade do cachorro é que o mundo é preto e branco, a verdade do inseto é que o mundo é quadriculado. Animais que enxergam cores fora do nosso espectro veem um mundo em cores para nós inexistentes. É duvidosa a existência de um mundo "absoluto" e, como seres humanos, jamais saberemos se existe e, em caso positivo, como seria, pois vivemos no mundo que podemos e que acreditamos conhecer. Durante o sonho, o sonho não é real? E muitas vezes, não mudamos os contextos, no sonho, ao nosso bel prazer? Do mesmo modo, durante a nossa vida, a vida é real para nós, e dela fazemos o que queremos, já que não temos como contrastá-la simultaneamente com qualquer "outra realidade". Isso se estende muito além do mundo captado pelos sentidos físicos. Estende-se ao mundo do conhecimento, das ideias, das crenças e da imaginação. Estende-se à totalidade do nosso ser, daquilo que ele pensa que é, e do mundo em que ele pensa que está. Em sentido absoluto, nada sabemos. Como dizia Sócrates, "o meu único saber é que sei que nada sei". Admitir isso significa fazer o que a física quântica hoje está fazendo: abrir-se para toda e qualquer possibilidade, sem excluir nenhuma, já que tudo aquilo que nossa mente excluir, excluído estará, ipso facto, do nosso universo pessoal de possibilidades. Por que e para que nos limitarmos? Alguns dirão: para não enlouquecermos. Mas não seria uma loucura maior fecharmos tantas portas mentais, a priori, impedindo que uma série de "realidades" possa ocorrer conosco, já que as expurgamos desde logo do campo dos pensamentos das "possibilidades possíveis"? Acaso é possível, fora do universo físico que conhecemos, afirmar a existência de "possibilidades impossíveis"? Claro que essa visão constitui abominação para qualquer religião, já que toda religião tem a pretensão de nos oferecer um pacote de "verdades absolutas". E nem poderia ser diferente, já que toda religião foi criada e organizada por homens, embora estes sempre se atribuam a condição de arautos do próprio Criador. Se o ser humano se levasse menos a sério e fosse menos obcecado pela "verdade", talvez ele conseguisse experienciar um campo de "realidade" muito maior, se permitindo tangenciar "realidades" bem mais interessantes e criativas das que ele se permite "conhecer". Assim como os budistas dizem que a única coisa permanente é a impermanência, parece fazer todo sentido dizer que a única coisa absoluta, para o ser humano, é a total relativização ou, se se preferir, que a única verdade, para o ser humano, é a ilusão. Já Orixalistas não creem em reencarnação, creem no retorno contínuo da nossa energia advinda de uma energia matriz. Ao me perguntar sobre a reencarnação, eu disse que, provavelmente, os que acreditassem nela reencarnariam, ou achariam que reencarnariam, e os que não acreditassem, não reencarnariam, ou assim achariam. Concordo que parece um discurso totalmente absurdo, Mas talvez não necessariamente o seja. O verdadeiro alcance e a magnitude da célebre advertência: "Assim como creres, assim será", talvez seja bem mais literal e infinitamente mais amplo do que se possa supor." Façam uma reflexão gradativa e sem apegos e sem documentos superiores, sejam idônios, pois é fácil saber o que vamos fazer amanhã.
Parte do texto copilado da Internet, adaptado e organizado.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
REVERTIDA JUSTA CAUSA DE DOMÉSTICA ACUSADA DE BRUXARIA
REVERTIDA JUSTA CAUSA DE DOMÉSTICA ACUSADA DE BRUXARIA
Uma empregada doméstica do Rio de Janeiro conseguiu reverter na Justiça do Trabalho sua dispensa por justa causa, aplicada sob a alegação de que ela teria praticado magia negra na residência do patrão. A trabalhadora também vai receber uma indenização por dano moral no valor de 40 salários mínimos, já que o juiz considerou que ela foi ofendida em sua honra e crenças ao ser chamada de bruxa.
Na ação trabalhista, a reclamante expôs que foi admitida em maio de 2011, permanecendo no emprego por seis meses, quando foi dispensada sem receber nada. Também afirmou que sofreu abalo psicológico e em sua auto-estima, ao ser associada à bruxaria.
Em seu depoimento pessoal, o réu afirmou que a empregada foi responsável por vários acontecimentos negativos ocorridos com seu filho, que adoeceu logo após a chegada da reclamante, chegando ao estado de inanição, além do fato de ser ela a autora de cinco grandes despachos de magia negra e vodu encontrados na casa da família.
Ao julgar o pedido, o juiz do Trabalho Leonardo da Silveira Pacheco, Titular da 76ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, considerou que o reclamado não conseguiu provar suas alegações, e que a presença, não comprovada, de “despachos” em diversos móveis e em diferentes cômodos da residência não permite concluir que a autoria dos mesmos é da reclamante. Segundo observou o magistrado, o próprio reclamado admitiu a ocorrência de fatos parecidos praticados por outras pessoas que trabalharam anteriormente em sua residência, como roubo de roupas íntimas para serem levadas a cemitérios, o que demonstra fanatismo e intolerância religiosa por parte do réu.
“Tais atitudes negativas devem ser levadas ao Poder Judiciário para serem coibidas e desestimuladas por meio de sanções pecuniárias ou penais, numa forma de reduzir o fanatismo e a intolerância religiosas num país laico e que se preocupa com as liberdades individuais, afirmou o juiz, para quem a atitude do réu viola preceito constitucional de liberdade religiosa.
Além da indenização por dano moral, o empregador foi condenado a pagar as verbas rescisórias referentes a uma dispensa sem justa causa – férias proporcionais acrescidas de 1/3, gratificação natalina e aviso prévio.
Nas decisões proferidas pela Justiça do Trabalho são admissíveis os recursos enumerados no art. 893 da CLT.
Para ler a sentença na íntegra clique aqui.
sábado, 27 de outubro de 2012
Candomblé, afinal o que é?
Candomblé, afinal o que é?
Jairo SantiagoProfessor Doutor em Comunicação /ECO/UFRJ
Desde o século XVI milhões de negros vindos da África chegaram à costa brasileira, são de diversas etnias, que, mesmo considerada a diversidade cultural, comungam do fato de terem perdido as referências territoriais e comunitárias.
Restavam-lhes apenas os valores e princípios que demarcavam sua visão de mundo.
Esse grupo utiliza as mais diversas formas e táticas de sobrevivência.
Importante que se diga, que não se tratava apenas de uma sobrevivência espiritual, mas principalmente do corpo, de uma forma de viver.
Importante que se diga, que não se tratava apenas de uma sobrevivência espiritual, mas principalmente do corpo, de uma forma de viver.
Diante da adversidade da escravidão, era preciso recompor as referências perdidas. A religiosidade se prefigurou como um dos caminhos possíveis nessa empreitada, e o Candomblé, dentre outras manifestações religiosas se singularizou na manutenção de valores e princípios negros na diáspora. O Candomblé em sua expressão de maior magnitude, a comunidade-terreiro, permitiu a recriação de laços comunitários e territoriais aniquilados com a escravidão.
Mas afinal o que é Candomblé?
Em primeiro lugar se faz necessário pensar que se trata de uma poderosa síntese que se processou em território brasileiro, sendo assim resultado de um longo e doloroso processo histórico, no qual os negros escravizados e, posteriormente os libertos, tecem laços comunitários e territoriais, consideradas as diversidades adversidades. O negro se moveu, resistiu, se comunicou entre os fios da rede da repressão.
Entender essa tensa rede de acordos e enfrentamentos, de avanços e retrocessos, de disputas e acertos internos é o longo caminho para se compreender o que é o Candomblé. Nesse sentido, se lança mão aqui de uma metáfora para se tentar chegar a um primeiro entendimento do que seja candomblé, ou pelo menos uma de suas traduções possíveis:
Imagine que uma pessoa viaja até a África e que lá chegando conhece um determinado prato da culinária local, interessando-se pelo referido prato, solicita a receita e descobre que alguns dos ingredientes não existem no Brasil, e, mesmo assim, consegue os ingredientes e volta ao Brasil, onde resolve reproduzir o prato, mas se propõe a algo mais, ou seja, resolve inventar um novo prato, que embora contenha ingredientes africanos não lembra nenhum prato conhecido na África.
Portanto é um prato brasileiro. Assim é o Candomblé, pois mesmo considerados os elementos simbólicos e religiosos africanos (ingredientes) é resultado do processo histórico na diáspora, é síntese da inventividade dos partícipes. As palavras inventividade e recriação são fundamentais à compreensão do papel do negro escravizado ou liberto na diáspora.
O Candomblé agrega territorialmente elementos que no território africano eram dispersos e objeto de cultos locais e até isolados. Muniz Sodré nesse sentido afirma:
Do lado dos ex-excravos, o terreiro de (de candomblé) afigura-se como a forma social negro-brasileira por excelência, por que além da diversidade existencial e cultural que engendra, é um lugar originário de força ou potência social para uma etnia que experimenta a cidadania em condições desiguais. Através do terreiro e de sua originalidade diante do espaço europeu, obtêm-se traços de fortes subjetividade histórica das classes subalternas no Brasil (SODRÉ.1988,p.18)
Retomando o conceito de comunidade-terreiro, percebe-se que a mesma implica além da junção de elementos dispersos e distantes, uma nova concepção de comunidade, que agrega vivos e mortos, implica em uma relação de troca entre os vivos e os ancestrais, entre deuses e seres humanos, implica ainda em uma visão de ser humano que negocia com os deuses e ancestrais uma boa vida na terra, uma vida alegre, criativa e em constante movimento, pois para o Candomblé nada é estático, tudo é movimento, tudo é troca constante.
A idéia de movimento remete a um dos elementos mais importantes do Candomblé, que a figura de Exu, senhor do movimento sem fim, é responsável pela existência dinâmica da realidade, tudo muda, seres humanos, árvores, pedras, todos são parceiros em uma relação que é dada pela dimensão de um jogo cósmico. As possibilidades vão sendo construídas e destruídas o tempo todo. O segredo da regra do jogo encontra-se na palavra acerto, ou seja, acertar um ponto, fechar um acordo, alterar uma situação, enfim simular e dissimular a realidade. Uma grande figura do Candomblé, o professor Agenor Miranda da Rocha , dizia com propriedade: Candomblé é um sistema cuja base é Exu.
Assim sendo, na impossibilidade de um ponto fixo de referência, e de uma conversão à uma verdade eterna e imutável, como caminha a civilização ocidental
desde Platão, o Candomblé acena sempre com a possibilidade de se mudar o mundo e o destino. Busca-se enganar a morte, nem que seja por uma vez. O candomblé não se prefigura como um espaço de conversão à uma única verdade. Pertencer a uma comunidade-terreiro não exige o pressuposto da adesão a verdade, basta estar ali. Em uma festa ou cerimônia pública não se pergunta se a pessoa acredita ou não na divindade presente, ou nos princípios ali vigentes.
desde Platão, o Candomblé acena sempre com a possibilidade de se mudar o mundo e o destino. Busca-se enganar a morte, nem que seja por uma vez. O candomblé não se prefigura como um espaço de conversão à uma única verdade. Pertencer a uma comunidade-terreiro não exige o pressuposto da adesão a verdade, basta estar ali. Em uma festa ou cerimônia pública não se pergunta se a pessoa acredita ou não na divindade presente, ou nos princípios ali vigentes.
Os deuses existem independentemente da fé. Deve se entender Candomblé como um espaço de enfrentamento do projeto universalista da civilização ocidental. Na comunidade-terreiro o homem é capaz de estabelecer uma relação de troca sem que sobre um resto a ser apropriado economicamente e em favor de algum grupo
dominante .
dominante .
A comunidade-terreiro recria a referência territorial-comunitária perdida em razão da escravidão. Os negros e seus descendentes reconstituem possibilidades de enfrentar o mundo que lhes é hostil e adverso.
Candomblé e Modernidade – considerações finais
O Candomblé, embora não se possa dizer que esteja fora da modernidade, implica em pontos de enfrentamento a esse projeto de ocidentalização do mundo pela lógica do mercado. Alguns aspectos da comunidade-terreiro apontam na direção de negar a modernidade. Entre esses pontos podem ser destacados: a relação com o corpo, que deixa de ser uma mercadoria, a impossibilidade da reprodução ad infinitum dos bens, a relação com o tempo e com o espaço.
A crença na palavra do pai fundador que se traduz no culto à ancestralidade, o reforço do sentido coletivo do agir humano que se choca frontalmente com o individualismo moderno; a crença no movimento constante da vida e dos homens, a crença na palavra e a desnecessidade de contratos escritos para garantir o cumprimento de um acordo e finalmente a negação de um dos sentidos da existência, a noção de axé. Para os adeptos do Candomblé a vida é um ato de alegria que se perpetua entre os parceiros do cósmico. Mas viver o hoje não implica uma visão pós-moderna de vida, um imediatismo infrutífero, mas sim, uma relação de ética comunitária, a felicidade de um deve estar imbricada com a felicidade de todos. Afinal isto é Candomblé.
Referências Bibliográficas
SODRÉ,Muniz, A verdade seduzida: Por um conceito de cultura no Brasil: Rio de Janeiro,CODECRI, 1983.
___________, O terreiro e a cidade: A forma social brasileira, Petrópolis: Vozes,1988.
___________, O terreiro e a cidade: A forma social brasileira, Petrópolis: Vozes,1988.
LENDA DE IROKO: QUEM PROMETE A IROCO DEVE CUMPRIR.
Havia uma vendedora de obis e orobôs que todos os dias, ao ir para o
mercado, passava por um grande pé de iroco e lhe deixava uma oferenda, pedindo que ajudasse a engravidar, assim mais tarde, teria alguém para ajudá-la com a mercadoria que carregava na cabeça num pesado balaio e, também companhia na velhice.
Prometia a Iroco um bode, galos, obis, orobos e uma série de oferendas da predileção do Orixá da Arvore.
A mulher concebeu e deu a luz a uma filha, esquecendo-se da promessa no mesmo instante. Ao ir para o mercado, escolhia outro caminho, esquivando-se de passar perto de Iroco, com medo que o Orixá cobrasse a promessa.
A menina cresceu, forte e sadia e, um dia a mulher teve necessidade de
passar, com a filha, perto de Iroco.
Não tinha outro jeito se não por ali. Saudou a arvore, sem se deter, e
seguiu seu caminho, com o balaio na cabeça.
A criança parou junto a quem lhe tinha dado a vida (sem de nada saber), achando Iroco belo e majestoso.
Apanhou uma folha caída no chão e não se deu conta que a mãe seguia em frente, andando mais depressa que de costume, quase correndo. Quando a mulher percebeu que tinha caminhado ligeiro demais, já estava muito afastada da menina.
Olhando para trás. Viu a arvore bailando com a criança e falando da promessa abandonada. As enormes raízes abriram um buraco na terra, suficientemente grande para tragar a menina, propriedade do orixá.
"Quem prometer, que cumpra".
Iroko (Chlorophora excelsa) - Árvore africana, também conhecido como Rôco, Irôco, é um orixá, cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponderia ao Nkisi Tempo na Angola/Congo.
No Brasil, Iroko habita principalmente a gameleira branca, cujo nome científico é ficus religiosa. Na África, sua morada é a árvore iroko, nome científico chlorophora excelsa, que, por alguma razão, não existia no Brasil e, ao que parece, também não foi para cá transplantada.
Para o povo yorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás. No entanto, originalmente, Iroko não é considerado um orixá que possa ser "feito" na cabeça de ninguém.
Para os yorubás, a árvore Iroko é a morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como "abiku" e tais espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se vêem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se faça oferendas a Oluwere aos pés de Iroko, para afastar o perigo de que os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete noites o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado.
O culto a Iroko é um dos mais populares na terra yorubá e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem.
Iroko está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos.
O voo do Igun
O voo do Igun
Igun (Abutre)
Nos primeiros dias do mundo na cidade de Ilé Ifé (local da fundação do mundo dentro da cosmogonia yorùbá), os òrìsá se cansaram de servir Òlódùmarè. Eles começaram a resistir ao Senhor dos decretos do Céu e até mesmo para tramar a deposição de Òlódúmarè no reino do céu e da terra. Eles achavam que não precisavam de Òlódúmarè e que, como o Senhor do Céu estava tão distante de qualquer maneira, eles poderiam simplesmente dividir a dor ou poderes entre si e que as coisas iriam muito melhor assim Quando Òlódúmarè travou o vento desta atitude e suas parcelas, o Senhor dos Céus agiu de forma simples e decisiva: Òlódúmarè simplesmente retido a chuva da terra. Logo, o mundo ficou possuído por um projeto surpreendente, o solo tornou-se seca e rachada, as plantas secaram e morreram sem água. E não demorou muito para que todos na Terra, os òrìsá e seus filhos parecidos começaram a morrer de fome. Depois de um curto período de tempo, barrigas roncando e rosto pálido começou a falar mais alto do que seu orgulho e rebeldia. Eles decidiram, por unanimidade para ir para Òlódúmarè e pedir perdão na esperança de que isso traria a chuva de volta ao mundo. Mas eles tinham um problema: nenhum deles poderia alcançar a casa distante de Òlódúmarè. Eles mandaram todos os pássaros um por um para tentar a viagem, mas todos e cada um deles falharam cansativo muito antes de chegar ao palácio do Senhor dos Céus. Ele começou a aparecer que toda a esperança estava perdida.
Então, um dia, o pavão, que era na realidade Osún mesma, veio oferecer seus serviços para salvar o mundo a partir desta seca. Mais uma vez houve revolta geral e riso como os òrìsá contemplada a ideia deste pássaro vaidoso e mimado empresa tal viagem. "Você pode quebrar uma unha", disse um deles. Mas o pavão pouco persistiu e, como eles não tinham nada a perder, eles concordaram em deixá-la tentar. Assim, o pavão pouco voou na direção do sol e do palácio de Òlódúmarè. Ela logo cansado da viagem, mas ela continuou a voar cada vez mais elevados, determinado a alcançar o Senhor do Céu e para salvar o mundo. Indo ainda mais alto, suas penas começaram a se tornar desgrenhadas e pretas a partir do calor do sol fulminante, e todas as penas foram queimadas da cabeça, mas ela continuou voando. Finalmente, através de vontade e determinação, ela chegou às portas do palácio de Òlódúmarè é. Quando Òlódúmarè veio sobre ela, ela era uma visão patética, ela havia perdido muito de suas penas e os que permaneceram eram negros e desgrenhados. Sua forma outrora bela era corcunda e sua cabeça era careca e coberto com queimaduras de voar tão perto do sol.
Daquele dia em diante neste caminho, ela se tornou conhecida como Ìkòlé òrun, o mensageiro da casa de Òlódúmarè. E a partir daquele dia o caminho de Òsún conhecido como Ibú Ìkòlé foi reverenciado e se tornou associado com seu pássaro, o abutre. O abutre, em seguida, retornou a Terra, trazendo com ela a chuva, onde se encontrou com grande regozijo. Como convém a uma rainha ou Ìyálòde, ela graciosamente absteve-se de lembrá-los de suas piadas e abusos para com ela podia, porém, podia-se ver a vergonha em seus rostos. É por isso que, sempre que uma pessoa é iniciada como sacerdote em nosso culto, não importa qual òrìsá está sendo plantados em sua cabeça, eles devem primeiro ir para o rio e dar conta do que estão fazendo, pois Òsún é um dos Mensageiros de Òlódúmarè.
Maferefun Òsún.
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